domingo, 18 de março de 2012

Evolução da Ciência Geográfica

CONCEITO
Geografia enquanto ciência apresenta uma grande complexidade em relação, sobretudo, aos seus conceitos e temas. Alguns autores a definem como sendo um estudo da superfície terrestre, principalmente devido ao sentido etimológico da palavra: Geo=terra; grafia=descrição. Entretanto, embora seja a concepção mais comum, a Geografia não deve ser analisada apenas com base nesse preceito que acaba sendo vago e superficial, pois a ciência geográfica abrange inúmeras áreas de estudo como, por exemplo, o estudo da paisagem, da individualidade dos lugares, da diferenciação de áreas, do espaço e das relações entre sociedade e natureza.

EVOLUÇÃO:
No século XIX a Geografia passa a ser considerada como Ciência. Alexander Von Humboldt é atualmente considerado como um dos fundadores da Geografia, pois, como naturalista e grande viajante, fez relatos de suas viagens, estabelecendo comparações entre as diferentes paisagens e aspectos físicos e biológicos. Através de seu método de observação, estabeleceu a existência de uma interação entre os mais diversos elementos constituintes da Terra, sendo que ocorre uma relação de causa e conseqüência entre eles, o principio da causalidade, conforme comenta De Martonne (1953, p. 13):

[...] ninguém mostrou de modo mais preciso como o homem depende do solo, do clima, da vegetação, como a vegetação é função dos fenômenos físicos, como estes mesmos dependem uns dos outros.

Ademais, Humboldt também foi responsável pela utilização do "principio da geografia geral", a qual determina que se deve conhecer toda a unidade terrestre a fim de que seja possível estabelecer relações entre as diferentes regiões que a compõe, uma vez que fenômenos verificados em determinada localidade podem ocorrer em outros locais que tenham características físicas semelhantes. Dessa forma, é importante salientar que, visto a postura do autor em relacionar diversas áreas da ciência estabelecendo analogias e utilizando-se do princípio da causalidade, a Geografia por ele produzida seria considerada uma ciência de síntese. Opostamente a Humboldt (1769-1859), Karl Ritter (1779-1859) considerado como geógrafo "de gabinete", foi outro grande pensador importante na formação e sistematização da geografia, auxiliando a mesma a se instituir como ciência. Neste sentido, Ritter valorizava a utilização de metodologias, desenvolvendo acima de tudo, trabalhos de cunho pedagógico. Na Geografia, foi o precursor do método comparativo, realizando estudos dos lugares e da individualidade dos mesmos, estabelecendo comparações entre diferentes povos, culturas, instituições e sistemas de utilização de recursos, usando para isso, o empirismo como método de observação. A formação religiosa de Ritter exerceu relativa influência em seus estudos, sendo que defendia a teoria de que caberia à Ciência Geográfica compreender a relação que a divindade exerceria sobre a natureza e seus elementos constituintes, isto é, a Geografia deveria explicar a individualidade dos sistemas naturais considerando que Deus teria criado cada lugar com suas especificidades. Dessa forma, a proposta de estudo de Ritter pode ser considerada antropocêntrica, por enfatizar o homem como objeto de estudo dentro da natureza, e regional devido à ênfase dispensada ao estudo da individualidade regional. Apesar de não deixarem no campo da ciência geográfica influências diretas, bem como apresentarem visões antagônicas em alguns aspectos, em decorrência de suas diferentes formações, Humboldt e Ritter tiveram grande importância para a consolidação e sistematização do pensamento geográfico moderno. Além disso, se analisada sua trajetória na área da pesquisa, percebe-se a importância dos trabalhos de campo realizados por esses pesquisadores no momento de suas observações e análises empíricas do espaço. Gomes (1996), sobre isso, afirma que:

O geógrafo era um observador da natureza que experimentava ao mesmo tempo um prazer estético, mas também um prazer intelectual de compreender as leis naturais. A palavra contemplação é comum aos dois discursos e parece justificar esta dupla ação do olhar, admirador e curioso. (GOMES, 1996, p. 173)

Neste sentido, entende-se a significativa importância do trabalho de campo para a Ciência Geográfica, que desde sua origem como instituição científica, se faz presente e fundamental para a realização de pesquisas, trabalhos acadêmicos e pedagógicos.


FONTE:http://www.mel.ileel.ufu.br/pet/amargem/amargem1/estudos/MARGEM1-E43.pdf
geografia8.blogspot.com

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